Confira o teste publicado
pela revista Autoesporte em 1969
Ele deixou marcas profundas
na memória dos brasileiros. Para muitos, se tornou marcante pura e simplesmente
por ter sido o companheiro das primeiras aulas ao volante. Para outros tantos,
foi o inesquecível primeiro carro e também deixou a imagem de modelo robusto,
quase inquebrável – e, quando quebrava, mostrava que oferecia manutenção fácil
e barata.
Quem conhece um pouco da
história dos clássicos nacionais já matou a charada: estamos, sim, falando do
bom e velho Fusca. Esse ícone da Volkswagen esteve presente em muitas
ocasiões nas páginas de Autoesporte. A chegada da linha 1969, por exemplo,
mereceu destaque na revista. O primeiro ponto elogiado foi o fôlego extra do
motor 1.300 (que passou a equipar o VW em 1967) em relação ao antigo boxer
1.200. “Quanto à flexibilidade, melhorou consideravelmente, apresentando torque
bem maior, que o motorista notará, com facilidade e agrado, pois anteriormente
usando 1ª, 2ª e 3ª, com o 1.300 usará 2ª, 3ª e 4ª.”
Por outro lado, a reportagem
comentava o quanto a gasolina nacional, de baixa qualidade desde sempre,
prejudicou o desempenho do Fusca na comparação com o modelo fabricado na
Alemanha. Para contornar o problema, a montadora reduziu a taxa de compressão e
adotou um carburador maior. Mesmo assim, não deu para fazer milagre! Enquanto o
Besouro de lá acelerava de 0 a 100 km/h em 24,5 segundos, o nosso levava 35,3
segundos para atingir a mesma marca. Já a velocidade máxima ficava,
respectivamente, em 126 km/h e 115,02 km/h.
A suavidade da embreagem foi
elogiada, mas alguns pontos da transmissão mereceram observações bem
diferentes. “O câmbio tem boa precisão de engate e ótima sincronização, porém o
conjunto câmbio-diferencial ronca um pouco mais que o razoável.” No mais,
elogio aos freios e uma recomendação de atenção nas estradas, já que o Fusquinha apresentava
tendência de sair de traseira nas curvas.
O Besouro em nossas ruas
A história desse mítico Volkswagen no Brasil surgiu do interesse do
empresário José Bastos Thompson, proprietário da Brasmotor, que comercializada
veículos Chrysler. Ele pretendia oferecer, também, o carrinho alemão. Depois de
fechar negócio com a montadora, a empresa nacional vendeu o primeiro modelo
para o paulista Rodolfo Maer, isso em 1950.
Como o empresário havia
previsto, o interesse pelo Besouro foi aumentando e, para atender à demanda, a
própria VW instalou uma linha de montagem do modelo, no bairro
paulistano do Ipiranga, em 1953 – as duas empresas se dedicaram ao negócio, mas
logo a Brasmotor se retirou da parceria. Até 1957, 2.268 Fuscas foram montados
nessa linha. A partir daí, as operações da VW foram transferidas para
a nova fábrica, na via Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).
Lá, a produção do Fusca só
começou em janeiro de 1959, com índice de nacionalização de peças de 54%. O
primeiro modelo produzido na fábrica da Anchieta foi adquirido por Eduardo
Andrea Matarazzo. Daí em diante, a história de amor desse modelo de carroceria
cheia de curvas com o consumidor brasileiro foi ficando mais e mais intensa.
Ao longo dos anos, o Besouro
foi ganhando uma série de avanços, como trava de direção e barra de direção com
lubrificação automática em 1965, motor 1.300 e vidro traseiro 20% maior em
1967, mudança do sistema elétrico de seis para 12 volts em 68, lançamento do
“Fuscão” 1.500 e oferta de freios a disco como opcionais em 70, novos
carburadores e faróis em 73, lançamento do “Super Fuscão” 1.600 em 74, volante
de polipropileno texturizado e lanternas “Fafá” em 79, novo logotipo com o nomeFusca em
83 (oficializado pela montadora) e bancos com espuma de poliuretano e forração
de tecido para as portas em 85.
Com a queda nas vendas, a
produção do carrinho foi interrompida no dia 07 de dezembro de 1986. Isso até o
então presidente Itamar Franco declarar sua paixão pelo modelo e pedir sua
volta à Volkswagen, ou melhor, à Autolatina, que decidiu investir na
idéia.
Em 23 de agosto de 1993 o Fusca ressurge
no País, equipado com motor 1.6, catalisador, freios hidráulicos de duplo
circuito e sistema de trava dupla do capô, entre outros itens. Com tantos
modelos modernos e a ascensão dos veículos 1.0, o bom e velho Besouro ficou
deslocado no mercado. Em 1996, o lançamento do Fusca Ouro, com uma série
de equipamentos, já era um prenúncio da despedida definitiva. O bravo modelo
com motor a ar, sucesso do pós-guerra, cravou a marca de 3,1 milhões de
unidades vendidas no País.
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